novembro 25, 2007

O Silêncio - um valor a preservar

Talvez Lya Luff tenha razão em declarar que gostar do silêncio é uma excentricidade.* Com efeito, se olharmos para os padrões correntes da vida quotidiana, damo-nos conta de como o silêncio é, cada vez mais, uma raridade: nos transportes colectivos, em muitos ambientes de trabalho, nas escolas e até nas salas de espera de hospitais e centros de saúde, onde a calma e a tranquilidade deveriam ser a norma. Nem o meio familiar escapa, na opção pessoal de alguns, a esta ofensiva do ruído e da proliferação de mensagens de rádios e televisões ligadas em simultâneo. O barulho tornou-se mesmo uma liturgia e uma pseudo fonte de prazer, a ponto de os festivais de música competirem entre si em função do número de decibéis alcançados.Pode esta reflexão parecer inócua e, mesmo, desfocada de uma temática que se deseja centrada na busca espiritual. Mas não é assim. O ser humano carece de silêncio interior e exterior para desenvolver a sua humanidade, no duplo sentido de alcançar profundidade e lucidez no encontro consigo mesmo e de percorrer o caminho de um fecundo encontro com os outros e com Deus.Se não temos silêncio, também não paramos para pensar na vida e poder fazer as escolhas mais acertadas, deixando-nos facilmente enredar nas teias dos “fazeres” rotineiros e tantas vezes vazios de sentido. Se não temos silêncio, somos cada vez menos capazes de dar atenção aos nossos semelhantes e assim se deteriora a qualidade das relações interpessoais, incluindo a relação pais-filhos e filhos-pais, a relação entre os esposos, as relações entre amigos e até as meras relações humanas se esvaziam de afabilidade e atenção ao outro. Se não temos silêncio, corremos o risco de afrouxar o diálogo autêntico, já que este supõe tempo para escuta e para partilhar a originalidade e a singularidade de cada pessoa. Se não salvaguardamos o silêncio, estamos a concorrer para o stress individual e colectivo e, indirectamente, avolumamos a agressividade nas condutas humanas, desde os mal-humorados atendimentos de guichet que todos conhecemos e repudiamos à belicosa e irresponsável condução automóvel que não desejamos.Por todas estas razões, o silêncio é um tesouro a preservar. O silêncio tem uma dimensão provocatória que assusta e pode criar angústia, pois coloca-nos diante de nós próprias/os e, por vezes, traz respostas que não queremos ouvir, mas serão estas que nos farão alcançar uma outra forma de sabedoria e de abertura à contemplação. Todos os mestres espirituais chamam a atenção para o valor do silêncio. Dizem-nos em vários tons que o silêncio é uma respiração da alma e sem esta ficamos menos humanos e mais longe da santidade a que somos chamados. Mas a nossa civilização prefere olhar o silêncio como uma excentricidade e idolatrar a agitação e o ruído. As consequências estão à vista e não carecem de qualificativo. Por isso, a busca do silêncio tem de ser uma opção pessoal que se traduza em gestos concretos para viabilizar a sua prática, fazendo da “excentricidade” uma incontornável e saudável necessidade. * Lya Luft - Pensar é transgredir. Lisboa, Presença, 2005
Manuela Silva / Novembro / 2007

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