A Imaculada Conceição desde o século XI teve adeptos na Inglaterra e Normandia. Segundo uma lenda que se encontra num breviário do século XIII (De Conceptione Virginis Mariae, atribída a Santo Anselmo), por volta de 1066, o monge inglês Elsino, enviado embaixador por Guilherme, o Conquistador, sofreu uma grande tempestade no mar. Então, apareceu-lhe a Virgem. A tormenta passou, mas pela graça realizada, a Virgem pede ao monge para providenciar a celebração anual de uma festa à Conceição. Esta festa era também celebrada na cidade Lião em 1140. Não marcava a vertente da Imaculada Conceição, mas apenas a sua Conceição.
Em Portugal, a festa da Conceição entra com a reconquista, influência da devoção dos cruzados ou intervenção episcopal do primeiro bispo de Lisboa, Gilberto de Hastings (1147-1166), adoptando o calendário litúrgico de Salisbury, que incluía a festa da Imaculada Conceição. Mas o culto em Portugal só se implantou verdadeiramente a partir do século XIII, com a acção dos franciscanos e dos teólogos, impulsionados pela defesa imaculista de Duns Escoto, na Universidade de Paris, e pela instituição da festa, em 1310, no Sínodo de Salamanca.
Em 17/10/1320, o bispo francês de Coimbra (Raimundo Evrard) instituía a festa a 8 de Dezembro e outras dioceses (Braga e Lamego) vão, ainda nessa década, seguir-lhe o exemplo. No fim do século XIV e início do seguinte, a Liturgia das Horas mostra nos Breviários a introdução do ofício.
O Concílio de Basileia (1439), com capacidade jurídica para tomar decisões, refere que a doutrina da Virgem Maria, Mãe de Deus, é "piedosa e conforme ao culto da igreja, à fé católica, à recta razão e à Sagrada Escritura", sendo aprovada pelo Papa Sixto IV (1476) e aceite pela Sorbonne em 1496.
A consagração de Portugal, em 1646, feita por determinação do rei D. João IV, foi momento culminar de promoção do culto a esta invocação mariana. A definição dogmática de Pio IX (1854) é o eclodir de uma ideia clara na fé católica.
Diversas visões fortalecem também estas ideias imaculistas: Santa Beatriz da Silva (século XV); a religiosa Maria Agreda na obra Mystica Ciudad de Dios; a religiosa vicentina Catherine Labouré, da medalha milagrosa (século XIX); as aparições de Lourdes (11/02/1858); o monumento do Sameiro (surgido como ideia em 1862 e inaugurado a 29/08/1869) marcou a devoção popular.
- (AZEVEDO, Carlos A. Moreira - Vigora da Imaculada. Visões de Arte e Piedade. Porto: Paróquia da Senhora da Conceição, 1998; Imagem disponível em http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/24/Bartolom%C3%A9_Esteban_Perez_Murillo_021.jpg)
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