fevereiro 27, 2008

1756 «A Sopa dos Pobres»

"CONVENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DE ARROIOS " (Freg. de S. Jorge de Arroios)
O sítio de Arroios, que serviu em 1569 de cemitério comum às vítimas da peste, era então arrabalde da cidade, onde havia um antiquíssimo chafariz muito utilizado pelos transeuntes dessa zona limítrofe de Lisboa.
Aí se fundou um noviciado, em 1705, colégio conventual da Companhia de Jesus, que tinha como padroeira Nossa Senhora da Nazaré e benfeitora D. Catarina de Bragança (filha de D. João lv), com o intuito de incentivar as vocações sacerdotais para as missões na Índia.
O terramoto de 1755 veio a destruir o convento da Imaculada Conceição de Carnide — pertencente às freiras Concepcionistas Franciscanas, Ordem criada em 1489 por Beatriz da Silva e Meneses (canonizada por Paulo VI) —, pelo que o Marquês de Pombal ordenou a transferência das poucas irmãs que se haviam salvo e dos seus parcos haveres para o noviciado de Arroios, na altura já abandonado pelos Jesuítas.
Por isso, só após 1756 o antigo noviciado passou a convento das freiras da Imaculada Conceição ou Recoletas de Nossa Senhora da Conceição, e ficou conhecido por Convento de Nossa Senhora da Conceição da Luz de Arroios.
A igréja data provavelmente do início do século XVIII. Mas tanto a igreja como o edifício conventual tinham a traça das casas da Companhia de Jesus, em polígono, com imagens dos Santos Padroeiros e claustro com lambrins em pedra de lioz.
Possuía nos quatro ângulos da igreja, quatro estátuas imitando pedra e com uma grandeza muito maior do que o natural, representando Santo Inácio de Loiola, 5. Francisco Xavier, 5. Estalisnau Koscta e 5. Luís de Gonzaga. No portal armoriado da igreja podem ainda ver-se as armas de Portugal e de lnglatera, por ter sido D. Catarina (viúva de Carlos II) a subsidiar toda a obra. Possuía um «ossário» ou «carneiro» abobadado do início do séc. XVIII por detrás do altar-mor, onde já no nosso século foram descobertos esqueletos e inscrições murais de freiras, provavelmente aí enterradas vivas.
Com a primeira invasão francesa por Junot, em 1807, o povo refugiou-se em Lisboa e arredores no meio de grandes necessidades de cómodos e alimentos, pelo que as freiras de Arroios organizavam uma distribuição de sopa duas vezes por dia para socorrer os pobres.
Tal ficou conhecido por «Sopa de Arroios».
Foi dentro dos seus muros que esteve prisioneira, em 1834, a mandado de D. Miguel, a Condessa de Ribeira Grande, por partilhar ideologia liberal.
Após a extinção das Ordens Religiosas nesse mesmo ano, ficaria o convento devoluto em 1890 com a morte da última freira, vindo a ser anexado em 1892 ao Hospital de S. José, para servir de enfermaria à «tísica» e à «varíola», com a denominação de Hospital de Dona Amélia (1898).
O culto do templo continuaria a processar-se até à implantação da República, sendo então encerrado definitivamente.
Continua, hoje, como unidade hospitalar pertencente aos Hospitais Civis de Lisboa.
De: «Conventos de Lisboa» de Baltazar de Campo,1998

Avé Maria Puríssima !

Santa Beatriz da Silva

As Irmãs a seguir

Campo Maior - Portugal

Espanha - Galeria _ Fed. Sta María de Guadalupe

Created with picasa slideshow.

Brasil - Galeria _ Fed. Imaculada Conceição

Created with picasa slideshow.