Estes versos foram cantados no aniversário de Madre Oliva Maria de Jesus (Brasil - Mosteiro da Luz), no ano de 1945.
- Perguntei um dia às flores
- quantas graças e favores
- receberam do Senhor;
- e elas me responderam:
- -- Com beleza, aroma e cores
- nos ornou o seu amor;
- mas há uma flor mais bela
- que todas as graças encerra
- e lhe arrebata o coração,
- ao seu jardim a transplantou, sua alma desposou,
- tua Mãezinha é essa flor.
- -- Violetinha, porque estás assim tão triste?
- -- Minha humildade, tua Mãezinha me furtou.
- -- E tu, ó rosa, porque assim te desfolhas?
- -- Pois a caridade que era a minha vida
- tua Mãezinha me levou.
- Vi depois um lindo lírio
- a dobrar-se tristemente
- em seu delicado hastil.
- E contou-me meigamente
- sua história comovente
- defihada de amor.
- Pois desde que nasceraa pequenina Oliva
- o Senhor o esqueceu,
- sua candura e pureza
- perto da esposinha
- toda a beleza perdeu.
- -- Rubro cravo, tua cor vai desmaiando...
- com certeza, já não queres mais viver...
- -- É verdade, respondeu-me a chorar
- Pois a tua Maezinha furtou-me o amor
- só me resta agora a dor.
- Cabisbaixo um gira-sol
- deu as costas para o sol,
- suas pétalas dobrou.
- Já não tem mais obediência:
- e protesta com veemência:
- -- Tua Mãezinha a conquistou!
- Já não mais olhar
- para o sol a dardejar
- seus raios de luz,
- porque ele me segreda
- muito mais bela que tu
- é aquela Esposa de Jesus!
- -- Lindas florinhas,
- porque tantos, tantos ciúmes...?
- minhaãezinha, não vos roubou a beleza.
- Sua bela alma possui na realidade
- todas as virtudes, de que vós sois a figura
- em nossa bela natureza.
- E assim fui consolando
- a mágua das florinhas
- que se deixaram convencer,
- e acabaram festejando
- a nossa boa mãezinha
- junto com suas filhinhas.
- Para mais perto ficar
- deixaram-se colher e do jardim trazer,
- e também não duvidaram
- para a festa alegrar
- suas vidas ofertar.
- Por toda a parte, vimos suas lindas cores,
- com seu perfume todo o dia a seguiram,
- delicadas, graciosas, damas de honra
- onde ela permanece, a cercam prontamente
- sorrindo-lhe amàvelmente.
- Oh! quem dera às suas filhinhas,
- ser como estas florinhas, delicadas, virtuosas,
- ter do lírio a candura, da rosa a caridade,
- da violeta a humildade.
- Cegamente obedientes, ser consolo e alegria
- de seu materno coração,
- e assim lhe demonstraram a sua gratidão
- pelo muito que lhes faz.
- E um dia no céu, onde o gozo é sem véu,
- todas juntas na Pátria da luz,
- cantaremos para sempre, eternamente,
- as glórias de jesus, os louvores de maria
- em perpétua alegria.