Guigo, prior da Grande Cartuxa, na sua famosa Scala Claustralium construiu uma escada de quatro degraus, a saber:
1. Lectio – Leitura
2. Meditatio – Meditação
3. Oratio – Oração
4. Contemplatio – Contemplação
Na Lectio/Leitura, toma-se o Texto Sagrado, A Sagrada Escritura de preferência e
faz-se a leitura lenta e cuidadosa do texto, não tanto com o objetivo de fazer uma exegese
bíblica, mas sim o de ‘escutar’ o que Deus fala ao leitor. Pode-se repetir a leitura quantas
vezes for preciso, até que se sinta ‘tocado’, pelo Senhor.
Na Meditatio/Meditação, rumina-se a Palavra, busca-se perceber o que é que Deus
fala àquele(a) que lê. Não é mais uma leitura, mas uma ‘escuta’ da Palavra.
“Fala, Senhor, teu servo escuta!”
Na Oratio/Oração, responde-se a Deus que antes falou. De acordo com o
contexto, com a história pessoal de cada um naquele momento, deixa-se o
coração derramar-se diante do Senhor. Se antes se escutou, agora responde-se a Deus.
Pode ser uma súplica, ação de graças, petição, o que o coração mandar, enfim.
É um diálogo com Deus e uma relação entre dois seres que se amam. A alma e Deus!
Na Contemplatio/Contemplação, já não há mais necessidade de palavras.
O orante/leitor tomou contato com o texto escrito, ou até diante da Natureza,
de um fato da vida; leu, ou melhor, ‘escutou’ a Voz que fala em seu coração.
Responde a essa Palavra, escrita ou não. E no último estágio, na Contemplação,
cala-se, adora, entrega-se numa adoração muda e silenciosa. A Oração centrante
é uma modalidade de oração contemplativa que se enquadra nesse quarto estágio da Lectio Divina.
A Lectio Divina, como escreveu São Bento, a exemplo de Santo Ambrósio, Santo Agostinho e outros Padres (já se encontra essa expressão em Orígenes – theía anágnosis) é “considerada por toda a tradição” – e pelo congresso dos abades beneditinos de 1967 – “como um dos meios mais adequados e necessários para a vida dos monges”. Constitui uma parte essencial da conversatio monástica, um dos instrumentos tradicionais mais característicos para buscar a Deus.