julho 02, 2010

Múmias do Mosteiro da Luz seriam de freiras carmelitas

         

Depois de 2 anos e 3 meses de pesquisa arqueológica no Mosteiro da Luz, a análise das múmias e esqueletos encontrados - três corpos de freiras mumificados e outros oito esqueletos - foi finalizada no mês passado. As revelações, constantes de relatório que será enviado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) até agosto, contam uma história desconhecida da vida monástica da São Paulo dos séculos 18 e 19.

Entre os fatos que surpreenderam os arqueólogos está a indicação de que três das irmãs encontradas seriam de ordem diferente das freiras concepcionistas, responsáveis pelo mosteiro desde o século 18. Com três dos corpos foram encontrados dois escapulários do Sagrado Coração e um manto mortuário marrom, característicos das carmelitas. É o mesmo da irmã Helena Maria do Espírito Santo, fundadora do mosteiro com Santo Antônio de Sant’Anna Galvão (Frei Galvão, confessor das concepcionistas), canonizado em 2007.

"É um indício de que irmãs de ordens diferentes poderiam se ajudar, nas epidemias ou no cotidiano de pobreza da época", disse a historiadora Valdirene Ambiel, integrante da equipe do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP (MAE-USP), que pesquisou a área desde 2008. As datas prováveis em que duas das múmias morreram também foram reveladas, por testes de carbono 14: uma morreu em 1880 e outra, em 1780 (há uma margem de erro de 40 anos). Como o convento foi fundado em 1774, os técnicos já afirmam ser possível dizer que ao menos uma é contemporânea do santo.

As cores dos outros fragmentos de vestes encontrados - todos azuis - revelam possibilidade própria do período histórico: a de as irmãs terem sido enterradas como leigas. "A praxe entre concepcionistas ordenadas é que sejam enterradas de branco e com véu preto", disse a historiadora. "O que explica o indício de que foram enterradas como leigas é que na época não havia conventos femininos autorizados em São Paulo, apenas ‘recolhimentos’, que não eram reconhecidos pela Igreja. Foi assim até o fim do Império."

Para o cônego Celso Pedro da Silva, procurador do Mosteiro da Luz, há "dúvidas" a respeito do material carmelita. "Não vejo polêmicas quanto aos escapulários, pois eram objetos de devoção de outras ordens também. O manto marrom é que causa estranheza. Vou pesquisar nos arquivos. Mas pode ser só ‘interpretação’ dos arqueólogos, uma hipótese. Duvido que carmelitas foram enterradas no mosteiro."

Hábitos

Mesmo sem acesso ao arquivo das concepcionistas - ainda não houve autorização das irmãs para pesquisa -, alguns hábitos já foram revelados. Os cinco pares de sapato encontrados tinham solas desgastadas, "por uso intenso". As patelas - nos joelhos das irmãs - apresentavam patologias, pelas muitas horas em que ficavam orando. Quatro freiras apresentaram queda dos dentes antes de morrerem - sinal da dieta da época, pobre em vitaminas.

E ao menos uma delas era deficiente física, com "cifose desde o início da vida adulta", conforme assinala o arqueólogo Sérgio Monteiro da Silva, também do MAE-USP. "Seria interessante saber quem são. Precisamos confrontar dados da descoberta arqueológica com as informações das irmãs", disse Silva. "Até o fim do ano, receberemos o resultado de análises clínicas, como o que pode haver dentro dos escapulários, costurados dos dois lados com algum material desconhecido dentro." (Vitor Hugo Brandalise - AE)

Jornal Cruzeiro do Sul - ARQUEOLOGIA - Múmias do Mosteiro da Luz seriam de freiras carmelitas

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