agosto 25, 2011

Sorocaba - Mosteiro de Santa Clara: Um rico patrimônio de 200 anos

Mosteiro de Santa Clara: Um rico patrimônio de 200 anos

 
 


 

Fundado em 1811, este mês de agosto está assinalando no calendário histórico comemorativo de Sorocaba a passagem do jubileu de 200 anos do tradicional Mosteiro da Imaculada Conceição e de Santa Clara, das Monjas Concepcionistas Franciscanas, de vida contemplativa de clausura, desde o início dos anos 60 do século passado instalado no Jardim Vera Cruz, na região dos altos do Cerrado, à rua Maria Domingas Milego. Um verdadeiro oásis espiritual dentro do agitado e frenético corre-corre diário da vida da cidade que hoje ultrapassa seus 610 mil habitantes.
A efeméride bicentenária será comemorada na próxima quinta-feira, dia 25, com a celebração de missa solene de ação de graças às 16 horas, na igreja do Mosteiro, sob a presidência do arcebispo metropolitano de Sorocaba, dom Eduardo Benes de Sales Rodrigues. Logo em seguida, na própria Capela, a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), através de sua Diretoria Regional de Bauru/Interior, procederá ao lançamento de carimbo postal-filatélico e selo personalizado comemorativos ao 200º aniversário do nosso Mosteiro de Santa Clara. O carimbo, que após seu lançamento será aplicado até o dia 31 em correspondências que deixarem a cidade postadas a partir da Agência Central dos Correios, traz em seu desenho o prédio estilizado do antigo Mosteiro de Santa Clara, localizado na esquina das ruas de São Bento e Padre Luiz, com frente para a rua Santa Clara, enquanto que o selo personalizado terá a ilustrá-lo a figura de Santa Beatriz da Silva, a dama espanhola fundadora das Monjas Concepcionistas em fins do século XV.
Também será inaugurada nas dependências externas do Mosteiro exposição fotográfica trazendo uma retrospectiva histórica da Casa, preparada sob a coordenação do Museu Arquidiocesano de Arte Sacra.
O MOSTEIRO DE SANTA CLARA E AS RELIGIOSAS CONCEPCIONISTAS -O bicentenário Mosteiro da Imaculada Conceição e de Santa Clara, de Sorocaba, nasceu como Recolhimento em 1811, pelos registros históricos copilados por monsenhor Luiz Castanho de Almeida, o nosso historiador-mór Aluísio de Almeida, em suas obras "História de Sorocaba" (1969) e "Sorocaba - Três séculos de História" (2002). Nasceu dos esforços de duas jovens irmãs da sociedade sorocabana da época, netas do célebre líder político local Salvador de Oliveira Leme, conhecido como Sarutaiá, depois capitão-mór de Itapetininga, e filhas de Francisco Xavier de Oliveira, desejosas de se consagrarem a Deus na virgindade e na vida contemplativa de oração e recolhimento: Manoela e Rita de Oliveira. O intento, porém, não foi nada fácil.
Por meio da Câmara de Vereadores e respaldadas em herança de 500$000 deixada pelo avô, encaminharam ao governador ser pedido a 5 de julho de 1804. Franca e Horta o indeferiu - conta Aluísio de Almeida. Estava-se numa época de propaganda contra a instalação de conventos tanto em Portugal, como no Brasil, conseqüência da agressiva política do Marquês de Pombal em relação à Igreja. Mas não desistiram e com a transferência da Corte Portuguesa para o Brasil, em 1808, em 1810 as duas moças, que Aluísio de Almeida chama de `heróicas', vão ao Rio de Janeiro. Em novo requerimento ao então príncipe-regente Dom João, falam em educação de meninas, "para facilitar o despacho". Deram conta, porém, que o patrimônio era pouco. "Então, fizeram outro pedido, para começarem, ao menos, com seis meninas. Com o auxílio da Marquesa Camareira-Mór, que falou a um desembargador, este ao Conde de Aires, o requerimento foi do Príncipe à mesa do desembargo do Paço, mas a resposta, em forma de consulta demorava. O Príncipe Regente, alma boníssima, mandou o Conde de Aires escrever a Franca e Horta, a 22 de junho de 1810, que enquanto não saía essa consulta ele, governador, não estorvasse a fundação do Recolhimento, para começarem a educação de seis meninas".
Assim, dona Manoela de Santa Clara e dona Rita de Santa Inês cantaram vitória - escreveu também Aluísio de Almeida. Antes dessas providências, elas já tinham feito erguer os muros, pois que no início de 1811 receberam doação da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, na esquina da rua de São Bento com a atual Padre Luiz, edificada em área cedida parte pelo avô, que também possuía enorme escravatura, parte pelo pai.
Em agosto de 1811, prontas a recolherem-se, requereram ao vigário-geral do Bispado de São Paulo lhes mandasse duas ou três religiosas de Santa Clara e da Conceição, diferentes das verdadeiras clarissas por serem fundação de Santa Beatriz da Silva. O vigário-geral, cônego Benjamin Mariano Joaquim da Costa, despachou o requerimento a 12 de agosto: que a madre regente do Convento da Luz podia mandar as irmãs solicitadas, acompanhando-as, se quisesse, o revmo. padre mestre definidor frei Antônio de Santana Galvão, como capelão - ele que aqui permaneceu entre fins de 1811 e 1813, ajudando na consolidação do Mosteiro de Santa Clara, então um simples Recolhimento de moças, trabalhando, pelos relatos históricos, inclusive como pedreiro em sua edificação, e seria agora em 2007 proclamado pelo papa Bento XVI como o primeiro Santo brasileiro, Santo Antônio de Sant'Ana Galvão.
Vieram com Frei Galvão três religiosas: Domiciana Maria da Assunção, Rita do Coração de Jesus, que voltaram a São Paulo 11 meses depois, e Isabel da Visitação, sobrinha do Santo, que ficou como Regente, falecendo em 1830. Aluísio de Almeida registrou ainda esta curiosidade: "Em 1812, o governador Marquês de Alegrete apertou com o novo Convento por receber educandas, mas como todos amavam o santo Frei Galvão, disfarçou. Entretanto, as freiras receberam quatro meninas em 1815, a cujas orações se recomendavam, por cartas, a Marquesa Camareira-Mór e a Viscondessa do Real Agrado".
A Ordem das Monjas Concepcionistas foi fundada em Toledo, Espanha, por Santa Beatriz da Silva, em 1484, com a proteção da Rainha Isabel, a Católica, em honra da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, sob o pontificado de Inocêncio VIII. Foi também este Papa quem, aliás, aprovou para as concepcionistas um modo de vida determinados pelos estatutos como sendo de `clausura perpétua', com hábito especial e Ofício Divino especialíssimo da Conceição Imaculada de Maria.
MOSTEIRO NO JARDIM VERA CRUZ - Durante mais de 150 anos, o Mosteiro da Imaculada Conceição e de Santa Clara, de Sorocaba, funcionou, assim, no velho e histérico prédio da rua de São Bento, esquina com a atual Padre Luiz. Foi ainda nesse interim, por esforço pessoal do primeiro bispo da Diocese, dom José Carlos de Aguirre, logo que chegou a Sorocaba, que a 13 de julho de 1929 um Breve Papal elevava o centenário Recolhimento à condição de Mosteiro, estabelecendo nele formalmente `clausura papal'. Eram tempos do papa Pio XI, que criara a Diocese em 4 de julho de 1924.
Foi, porém, com a chegada a Sorocaba em 1958 do sacerdote espanhol monsenhor Antônio Simon Sola, transferido por dom Aguirre da Paróquia da Santíssima Trindade, na cidade de Tietê, para a Paróquia da Catedral de Nossa Senhora da Ponte, para substituir a monsenhor Francisco Antônio Cangro, o `padre Chiquinho', então recentemente falecido, que a caminhada do bicentenário Mosteiro começa a tomar novos rumos. Constatando a situação de penúria e calamidade da velha construção que as concepcionistas habitavam, com suas paredes quase caindo, madeiramento apodrecendo e tomado pelos cupins e instalações elétricas e hidráulicas precaríssimas. Além dos inconvenientes de uma casa de oração em meio ao centro nervoso da cidade que crescia.
Mãos à obra e, superadas pressões iniciais de correntes que defendiam a restauração do velho Mosteiro como patrimônio histórico, no final de 1961/início de 1962 são iniciadas as obras de construção do novo, amplo, arrojado e arquitetonicamente moderno Mosteiro de Santa Clara na região dos altos do Cerrado, no Jardim Vera Cruz, com a igualmente moderna igreja em anexo construída logo depois e sagrada a 14 de agosto de 1965, utilizando-se, porém, do retábulo e do altar-mór de linhas barrocas preservados da igreja do velho Mosteiro da rua de São Bento, antes de ser demolido. Sua inauguração ocorreu a 15 de abril de 1963, com a festa que foi para toda a cidade a transferência das monjas para o novo Mosteiro.

Texto de José Benedito

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